quarta-feira, 30 de maio de 2012

maranata - não tínhamos mesmo outra vida além daquela. Isso, aliado ao fortíssimo terrorismo espiritual, fazia com que tivéssemos medo de sair dali, isso mesmo, medo.

Amados irmãos, me converti com 30 anos por meio das orações de um amigo querido e me decidi pelo Senhor antes mesmo de conhecer qualquer outra igreja evangélica. Como ele congregava na ICM, nada mais natural que me convidar para frequentar aquela igreja. Lá permaneci junto com minha família crendo de toda a minha alma que ali tudo era revelado por Deus e que a opinião humana não tinha a menor relevância.

Fui obreiro, diácono, fiz todos os seminários e a fome de conhecer e viver o evangelho não arrefecia. Como diácono conheci um pastor que amei como a um irmão de sangue mais velho, apesar de ser uma pessoa contestada eu o considerava muito espiritual e ele sempre tinha algo a me ensinar, tempos maravilhosos. Conheci e vivi ao lado de pessoas altruístas e dedicadas, a vida na igreja era leve e agradável a convivência com os irmãos.

Aí fui ungido e as coisas começaram a mudar, pois as exigências aumentaram sobremaneira e cheguei até mesmo a ser ameaçado por um pastor em certa ocasião, estranhei, mas segui em frente. Pouco tempo depois fui ordenado e aí as coisas efetivamente começmudaram. As reuniões se intensificaram, era responsável por igrejas sempre muito distantes de casa, as atividades e cobranças começaram a ficar insuportáveis e aí vieram as grandes evangelizações, onde nos reuníamos, trabalhávamos incessantemente, fazíamos tudo conforme o “modelo mostrado no monte”, mas estranhamente as vidas não permaneciam. Então o PES nos culpava por tudo que dava errado.

Foi então que conheci a “política eclesiástica”, onde percebi que muitos ali estavam interessados apenas em poder. E um homem que diz falar as coisas de Deus, convenhamos, se torna muito poderoso, não acham?

A roda viva se intensificou ainda mais, pois era orientação atrás de orientação, cada pequeno detalhe era orientação e muitas delas contrariavam ou nada tinham a ver com a doutrina bíblica. Como pastor era obrigado e me meter em assuntos até mesmo pessoais das ovelhas, tais como com quem namorar etc. Eu já não tinha nenhum momento em família, era “obra” o tempo todo.

Presenciei uma reunião, pasmem, em que o pastor responsável por minha área falou por 40 minutos se uma determinada irmã poderia ou não usar a calça chamada de leg para atividade física. Algo inimaginável se pensarmos que estávamos ali para um propósito maior e na verdade estávamos falando mal de ovelhas por questões relacionadas a usos e costumes. Poderia falar muito mais sobre isso, mas aí seriam páginas e páginas.

Passei a entender algumas questões.
1º A ICM não é a Obra do Espírito, muito ao contrário, é uma igreja como outra qualquer, mas Obra do Espírito é algo muito maior que a instituição, infinitamente maior.

2º É um grave erro imaginar que nossa primeira prioridade deva ser a ICM ou qualquer outra igreja, nossa prioridade sempre será Deus, Jesus e o Espírito Santo. Depois deve ser nossa família, que é a primeira igreja de todos nós e depois podemos pensar na igreja como instituição.

3º Entendi o porquê do incentivo constante (em forma de desdém) do presidente da ICM no sentido de que nenhum dos integrantes daquela igreja fizesse curso de teologia ou lesse algo que não fosse a bíblia. Isso seria um privilégio da classe dirigente da ICM apenas e aí achávamos que todos os ensinos eram revelados por Deus diretamente. Muito inteligente.

4º Cultos todos os dias, reuniões o tempo todo, seminários, trabalho voluntário onde o máximo que conseguíamos era uma palavra dura de desaprovação. Com isso não tínhamos mesmo outra vida além daquela. Isso, aliado ao fortíssimo terrorismo espiritual, fazia com que tivéssemos medo de sair dali, isso mesmo, medo. O presidente sempre fazia questão de falar mal da “religião” (entenda-se por religião todas as igrejas que não fossem a ICM) e eu acreditava que não havia mesmo outra opção que não a ICM. Sair para onde? Iríamos perder todos os nossos amigos, afinal de contas quem saísse era imediatamente difamado, alvo de reuniões em Maanains e cartas que deviam ser lidas nas igrejas etc. Ataques pessoais gratuitos e maldosos.

5º Hoje posso afirmar com tranquilidade que Deus me tirou com mão forte de lá e que há vida sim depois da ICM, e muita vida, sabe por quê? Porque quando perdemos a segurança da instituição começamos a vivenciar a segurança nas mãos do Senhor e aí somos seguramente direcionados segundo a sua vontade e não segundo a vontade do homem dizendo que é em nome de Deus. Confesso aos amados irmãos que estou vivendo meu momento espiritual mais rico agora, pois perdi completamente o controle de minha vida e ela está muito segura nas mãos do meu precioso guia, o Espírito Santo. E, meus irmãos, como cada um já deve saber, estou em ótimas mãos, pois Ele não falha, não erra e é um querido amigo de todas as horas, em especial as mais difíceis.

Por isso, amados irmãos, confiem no Espírito Santo, Ele vai guiar a cada um dentro do propósito de Deus, aprendam a viver na insegurança da ausência da instituição e a viver na segurança do Espírito. Em breve Ele mostrará onde devem congregar. Não se apeguem a um lugar que se alimenta da insegurança das pessoas, que tenta moldar a todos dentro de um critério humano, onde mulheres que usam saias são convertidas e as que usam calças são desacertadas ainda carentes de uma bênção de conversão. Não tenham medo do que virá, certamente as maiores experiências estão adiante, experiências de dependência genuína, de busca profunda, de ensinamentos maravilhosos e constantes. Este, podem estar certos, não é um privilégio apenas meu, é de todos nós, servos do Deus vivo. Em pouco tempo o Espírito os direcionará onde devem congregar e, devo alertar a todos, sempre haverá uma possibilidade de comparação, de saudade de determinadas coisas, mas não se importem com isso, ajam como Calebe e Josué e tomem posse da terra com ânimo forte. Cuidem de suas famílias, busquem ao Senhor e a direção do Espírito Santo com afinco e fé, amem até mesmo aqueles que os difamam, pois verdadeiramente não sabem o que fazem, pelo menos não todos eles.

Que Deus abençoe a todos ricamente e o Espírito Santo de Deus seja abundante em seus corações para que a vida do Senhor Jesus seja glorificada em suas vidas.

fonte: http://cavaleiroveloz.com.br/index.php/2012/05/apaixonei-me-pela-obra-e-agora/

4 comentários:

  1. Carta 'magnífica'. Saí dessa instituição oficialmente a, pelo menos, dois meses, não me arrependi. Essa Carta expressa meus sentimentos que não sabia descrever. Isso é realmente o que ocorre nos bastidores da ICM. Pastor e Ungido da ICM vive tudo que ocorre nas fileiras da ICM e sabe muito bem dos acontecimentos, porém o 'medo' os fazem aceitar tudo, pois, como eles próprios, os demias também são 'ungidos do Senhor' e "não toqueis nos meus ungidos". Doutrina do medo.
    Espero que o que está retratado nesta Carta chegue ao conhecimento de muitos que estão presos a esse sistema e os encorajam a "sair dela" para viverem um Evangelho verdadeiro, onde pessoas sejam mais importantes que uma instituição, pois o Senhor Jesus pagou um árduo preço pela vida do homem e não pagaria nada por quaisquer institução. Principalmente, por uma instituição que destroi vidas e famílias. Ache maravilhosa a colocação do irmão quando ele escreve sobre a família coocando-a como a "primeira instituição". Se não amarmos os de sangue, como amaremos os demais seres humanos. A paz do Senhor Jesus.

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